terça-feira, 29 de maio de 2012

TROIKA RUMA A MADRID

     Há cerca de 5 anos, ouviam-se comentários sobre o excelente desempenho da economia espanhola, proferidos com uma ponta de inveja, sobre a diferença de nível de vida nos dois países ibéricos, que o PIB espanhol tinha uma taxa de crescimento de quase o dobro do nosso, que estavam perto de atingir um rendimento per capita igual à média europeia, etc. Em conversas sobre o tema, eu respondia que era melhor esperar para ver, que quando a economia começasse a arrefecer, o tombo seria muito maior do que em Portugal. O grande motor de tal crescimento foi sempre a construção, quer de grandes obras públicas, quer do mercado habitacional, especialmente de 2ª ou mesmo 3ª habitação, lá como cá, suportado quase totalmente por crédito, tantas vezes irresponsável. O resultado está à vista.
      Há um ano atrás, quando ficámos sob o programa de resgate financeiro da troika, depois de afirmarmos repetidamente que não éramos a Grécia, a Espanha fez o mesmo tentando descolar de nós, dizendo que não eram Portugal. Lembro-me de nessa altura dizer a colegas meus para esperarem para ver quando os bancos espanhóis, especialmente as "cajas", precisassem de ser capitalizados para não entrarem em colapso. Começou com o Bankia. Qual se seguirá? Com 1/4 da população activa no desemprego, o crédito malparado vai disparar agravando ainda mais a débil situação dos bancos. Foi assim que a Irlanda capitulou. Os mercados já cercaram a próxima presa e já não a largam mais. E, para mal da Europa e também nosso, de facto a Espanha não é Portugal...

2 comentários:

  1. Os troikanos não vão ter vida fácil em Madrid, não. Nessas coisas os espanh'olés têm cojones.
    E, quando o aperto mexer com bascos e catalães...

    http://cerrodocao.blogspot.pt/2011/06/os-senhores-que-se-seguem.html

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  2. Tens razão Zé; vamos ver a capacidade de negociação do governo central, pressionado por trás pelos vários nacionalismos. Se conseguirem algumas conquistas extra, por arrasto, pode ser bom para nós... Aguardemos.

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