sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

APERTA-SE O CERCO A A. J. SEGURO

     Soube-se hoje que a economia portuguesa cresceu 1,6% no 4º trimestre de 2013, tendo caído 1,4% no total do ano. Queda bem mais suave que a que a generalidade dos analistas previa. O défice, mesmo com a habitual cosmética, também ficou abaixo do esperado. Os números do desemprego, embora em minha opinião sejam pouco de fiar e escondam realidades não valorizadas pela estatística, continuam a baixar. É bom para Portugal e nesse caso, é bom para todos nós. Portugal está agora na fase final de um período negro da sua história recente. Período em que foram aplicadas rigorosas medidas de austeridade, que empobreceram a generalidade dos portugueses, castigando muito mais uns do que outros, penalizando algumas classes sociais e profissionais, deixando outras de fora, mas em que no conjunto, não deixou ninguém satisfeito. Podia ter sido diferente? Penso que podia. Em qualquer dos casos, era de todo normal e expectável que num momento como este, os partidos que suportam o governo acusassem nas sondagens o desgaste e o peso de uma governação no fio da navalha e contra quase todos, e que, ao contrário, o principal partido da oposição esmagasse a concorrência nas intenções de voto. Ora não é de modo nenhum isso que acontece. E, apesar de estar em primeiro lugar nas sondagens, a diferença para os outros, não convence ninguém. E como já aqui tenho dito e é quase unânime na sociedade portuguesa, o problema parece estar no seu líder. É uma pessoa bem educada, cordata, de bom senso, honesta, mas... Falta-lhe carisma, falta-lhe alma, falta-lhe aquela qualidade indispensável aos políticos para arrastarem multidões atrás de si, mesmo que por vezes sem razão nem merecimento. É manifesto que A.J. Seguro não a tem. E se fora do PS há muito que se viu que não tem, lá dentro também! E mesmo que ninguém "se chegue à frente", as hostes começam a movimentar-se. Os eternos candidatos a candidatos, vão deixando umas "bocas" na comunicação social, umas críticas veladas, aumentando a pressão sobre o líder que, coitado, parece cada vez mais embaraçado sobre a estratégia a seguir. É que as europeias estão aí! E para quem deseja que o actual governo perca as eleições legislativas em 2015, parece-me que o melhor cenário seria a derrota do PS nas europeias, ou pelo menos uma vitória tangencial. Isso certamente não seria aceite dentro do partido e pedir-se-iam cabeças a rolar, sendo a primeira a do líder. Ainda haveria tempo para delinear estratégias, alterar procedimentos e fazer uma oposição a sério, sem períodos de ausência, quer física quer de ideias. Porque se as sondagens e a percepção geral indicam que os partidos do governo nunca foram muito castigados por uma governação terrível, então com a esperada melhoria dos indicadores económicos que certamente começarão a chegar às pessoas no próximo ano, em que a saída da troika e essa melhoria económica permitirão aliviar o aperto no próximo orçamento e com a tradicional memória de curto prazo dos eleitores, é de prever que o PS tenha muitos motivos para estar bem preocupado. Não queria estar na pele de A.J. Seguro. E os seus adversários internos que têm estado na sombra, impacientemente à espera que naturalmente o tão ambicionado pote lhes caia no regaço, em 2015, começam a ficar à beira de um enfarte do miocárdio e provavelmente estarão já a afiar as garras para o próximo dia 26 de Maio.