quinta-feira, 31 de maio de 2012

PPP - PARA PAGAREM OS PARVOS

    O Tribunal de Contas apurou irregularidades na negociação de algumas PPP, que fizeram o Estado ficar prejudicado num valor superior a 700 milhões de euros. Surpresa geral, pois ninguém imaginaria que isso fosse possível e que tivesse acontecido. É bom lembrar que sempre que alguém fica prejudicado financeiramente, há outra parte que fica beneficiada. Também aqui não imaginamos quem será... Algum obscuro cantoneiro, por certo! É melhor avisar já a Direcção Geral dos Serviços Prisionais para ir preparando a cela para alojar os culpados. Pode ser a mesma que tem servido para acolher os condenados dos processos Portucale, Operação Furacão, Freeport, Face Oculta, BPN, BPP, Braga Parques, Isaltinos, Felgueiras, Valentins, Casa Pia... Uff... É fartar, vilanagem!

terça-feira, 29 de maio de 2012

TROIKA RUMA A MADRID

     Há cerca de 5 anos, ouviam-se comentários sobre o excelente desempenho da economia espanhola, proferidos com uma ponta de inveja, sobre a diferença de nível de vida nos dois países ibéricos, que o PIB espanhol tinha uma taxa de crescimento de quase o dobro do nosso, que estavam perto de atingir um rendimento per capita igual à média europeia, etc. Em conversas sobre o tema, eu respondia que era melhor esperar para ver, que quando a economia começasse a arrefecer, o tombo seria muito maior do que em Portugal. O grande motor de tal crescimento foi sempre a construção, quer de grandes obras públicas, quer do mercado habitacional, especialmente de 2ª ou mesmo 3ª habitação, lá como cá, suportado quase totalmente por crédito, tantas vezes irresponsável. O resultado está à vista.
      Há um ano atrás, quando ficámos sob o programa de resgate financeiro da troika, depois de afirmarmos repetidamente que não éramos a Grécia, a Espanha fez o mesmo tentando descolar de nós, dizendo que não eram Portugal. Lembro-me de nessa altura dizer a colegas meus para esperarem para ver quando os bancos espanhóis, especialmente as "cajas", precisassem de ser capitalizados para não entrarem em colapso. Começou com o Bankia. Qual se seguirá? Com 1/4 da população activa no desemprego, o crédito malparado vai disparar agravando ainda mais a débil situação dos bancos. Foi assim que a Irlanda capitulou. Os mercados já cercaram a próxima presa e já não a largam mais. E, para mal da Europa e também nosso, de facto a Espanha não é Portugal...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

DECLARAÇÕES DE LAGARDE

     As declarações da directora geral do FMI, Christine Lagarde, sobre a Grécia, provocaram ondas de choque no mundo inteiro, colhendo críticas negativas de todos os quadrantes. Os políticos e detentores de altos cargos, com grande exposição mediática, têm que aprender que não podem dizer tudo o que pensam, mesmo que seja verdade. O cidadão comum pode, eles não; por isso é que uns são comuns e outros não. Mas neste caso em particular, será que se tratou de um deslize, de uma frase impensada? A 3 semanas das eleições gregas, que certamente decidirão a permanência ou não do país na Zona Euro e na CE, terão sido declarações inocentes? Tudo o que fira ainda mais o orgulho e o amor próprios dos gregos, que os humilhe e os vilipendie, reforça-lhes a vontade de revancha e de reforçar quem abertamente se opõe aos acordos e tratados efectuados com a Troika, neste caso o partido de extrema esquerda, que está bem colocado para ganhar as próximas eleições. Não será isto que se pretende efectivamente? Empurrar a Grécia para fora? Creio que nas altas instâncias de decisão já se chegou à conclusão que é melhor e mais barato a Grécia sair já, do que permanecer como poço sem fundo, autêntica esponja de fundos comunitários e não só. Mesmo que as consequências sejam imprevisíveis, quer política quer financeiramente. De facto, à beira do abismo e com tanta gente pronta a dar o empurrão fatal, como evitar a queda?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

TODOS DOIDOS PELA TELEVISÃO (TDT)

      Os relatos de pessoas que não conseguem ver televisão, normalmente em zonas do interior, perto da fronteira, nas chamadas zonas cinzentas, ou mesmo negras, sucedem-se. No concelho de Montalegre, mais de 80%, não consegue ver televisão. Pessoas de muito baixos recursos, é bom que se note; pessoas que viam perfeitamente a televisão, antes da alteração para o novo sistema TDT. Compraram o conversor, por 25 ou 30 euros, mas não foi suficiente. Então aconselharam-nos a adquirir uma nova antena, por mais de cem euros, mas também não resultou. Dizem-lhes os técnicos e donos das lojas que vão assim escoando o material, que têm que comprar uma parabólica. Gente que recebe pensões de 200 euros, que nem chega para pagar os medicamentos! Que tinha a televisão como única e última companhia, em zonas desertas, de aldeias despovoadas e casas em silêncio. Para a PT e a ANACOM, está tudo bem, claro! Do governo, nem um pio! São pessoas que não fazem greves, que não vão gritar para as ruas, que não ocupam escolas, nem são indignados. Limitaram-se a "vergar a espinha" durante décadas, para criar filhos que estão em muitos casos bem instalados nas cidades, em gabinetes equipados com todas as tecnologias e a assinar despachos que dão origem a milhões. Para quê perder tempo com meia dúzia de velhotes que querem ver televisão? Deviam ter aderido ao cabo, não foram avisados? E a PT precisa de mais receitas!
       No tempo do Estado Novo é que havia monopólios. Agora não! Há uma perfeita concorrência, como se vê, nos telefones, nos combustíveis, ou no fornecimento de electricidade. Aliás, as centenas de milhões de lucros anuais, são colhidos nas árvores, não são sugados dos bolsos dos clientes. E para as entidades reguladoras, presididas alternadamente pelos ex-presidentes das empresas reguladas, está sempre tudo dentro da lei. Lei que, em muitos casos, também eles antes ajudaram a criar. Como se vê, está mesmo tudo muito bem...

terça-feira, 22 de maio de 2012

PARRICÍDIO

     Um jovem de 21 anos vai ser julgado por parricídio. Diz ele que o motivo de tão bárbaro acto, foi o pai deixar de lhe pagar mesada. De facto numa era em que os jovens estudam até aos 30, procuram emprego até aos 40 e vivem de forma precária até aos 50, pagar mesada apenas até à maioridade pode conduzir à pena capital. Na verdade, há cada vez mais jovens que, com o mundo virado ao contrário, acham que os pais os devem sustentar até à morte (literalmente). Não o fazendo de forma voluntária, cria-se um "atalho" para chegar  ao mesmo ponto, de modo mais abreviado... Olhem se isto faz "jurisprudência", como agora está na moda dizer?

sexta-feira, 18 de maio de 2012

COVIL DE LADRÕES

      Portugal está transformado num covil de ladrões. Roubar tornou-se um acto banal, que quase deixou de ser condenável e ainda menos sujeito a condenação. E, face ao baixar da guarda dos preceitos morais e éticos e da pouco menos que completa paralisia dos sistemas policial, judiciário, e penal, entrámos numa era que enoja e enche de repulsa as pessoas honestas que ainda vão resistindo a este ambiente em que "tudo rouba minha gente" e de "fartar vilanagem".  É que roubar não é apenas entrar num banco ou numa ourivesaria de pistola na mão e sair com o dinheiro ou o ouro roubado. Rouba também o merceeiro que introduz no teclado da balança o preço de 1,60€ quando o artigo está marcado a 1,30€, ou se engana sistematicamente no troco (a seu favor, é claro), rouba o profissional liberal quando declara 485€ de rendimento mensal e aufere milhares efectivamente, rouba o patrão quando paga mal ao empregado e lhe podia pagar melhor, rouba o empregado quando está em casa com uma baixa fraudulenta. Os exemplos encheriam fastidiosamente páginas deste écran. Mas as grandes "golpadas" sucedem-se: hoje foi desmantelada uma rede de branqueamento de capitais que envolve valores astronómicos. Curiosamente, os envolvidos são sempre das mesmas áreas... Não estão lá carpinteiros, escriturários ou mecânicos; são sempre políticos, advogados, empresários... Porque será? É cometimento bem mais rendoso e menos arriscado roubar no conselho de administração de um banco do que de pistola na mão num dos seus balcões. Veja-se os exemplos de BPN e BPP... Até porque as probabilidades de ser punido inclinam-se muito mais para o lado do pistoleiro! E é também curioso verificar que estes casos de grande corrupção e alta criminalidade de "colarinho branco", são quase sempre trazidos à luz por investigação jornalística ou denúncia e não por quem é pago e incumbido de acusar e investigar. Estamos verdadeiramente a navegar à bolina e atolados num lamaçal, cada vez mais viscoso e repugnante. Comparo Portugal a um animal prostrado, agonizante, exangue, crivado de sanguessugas a chupar-lhe o sangue. E não há quem nos acuda...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"CORRALITO" GREGO?

     A população grega já cheira a saída da Zona Euro. Apenas num dia foram levantados 700 milhões de euros em dinheiro, dos bancos gregos. A maior parte para investir em dívida pública alemã e para colocar "debaixo do colchão". Nestas coisas, o mal é começar e o pânico costuma espalhar-se como um rastilho. É óbvio que não há sistema financeiro que se aguente com uma corrida aos levantamentos, em qualquer parte do mundo. Teremos à vista nos próximos dias um "corralito" dentro da Zona Euro, uma coisa impensável mesmo para os mais pessimistas, grupo no qual me incluo? As novas eleições nada resolverão, pois os resultados não se devem alterar substancialmente e os partidos, lá como cá, pensam primeiro nos seus interesses e só depois nos do país. Está assim aberta a porta de saída da Zona Euro, da CE e, quanto a mim, da instauração de uma ditadura militar, regime de que a Grécia tem larga experiência...

IMI EM FOTOS

     Há já uns anos que em conversa eu dizia a colegas e amigos meus que o imposto de que tinha mais receio quando fosse alterado, era o IMI. Quando a "troika" entrou na Grécia e no pacote de medidas incluiu uma profunda revisão da fiscalidade sobre o património, pensei que estava aberto o precedente para ser copiado por Portugal. Logo a seguir, o governo grego, ávido de receitas, fez uma alteração ao imposto sobre o património que provocou subidas brutais no imposto a pagar. Recordo-me de ouvir entrevistas a cidadãos gregos que referiam valores inacreditáveis, de mais de 5000 euros anuais, por habitações normais! Soubemos depois que, dada a impossibilidade de efectuar a revisão fiscal de todos os fogos em tempo útil, o governo grego estava a adoptar o método da fotografia aérea para detectar sinais de riqueza, como piscinas, court de ténis, estufas, etc. As telas de vedação esgotaram rapidamente, para cobrir as piscinas e assim escaparem nas fotografias, qual camuflagem em tempo de guerra... Também na altura disse que o melhor era comprarmos nós alguma tela, porque talvez nos fosse brevemente necessária... Riram-se do meu dichote, que tantas vezes se vem a revelar premonitório! Soube-se agora que avaliações disparatadas, que têm motivado reclamações dos proprietários, são feitas com base em fotografia aérea através do Google Earth... Afinal as telas faziam mesmo jeito! E o secretário de estado da tutela diz que está satisfeito porque há poucas reclamações; pudera, com o valor imoral do custo de cada uma, que não é devolvido quando não há alteração para menos... ( ou seja, quase nunca). Quanto a mim, espero que os feijões e as favas semeadas no terreno adjacente não sejam consideradas sinais de luxo e taxadas em conformidade!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

COM O DESGOVERNO DA MINHA VIZINHA...

     O submarino "Tridente", recentemente adquirido à Alemanha por 500 milhões de euros (uma ninharia), tem estado mais tempo parado do que em manobras ou exercícios, devido aos elevados custos dos combustíveis. Aliás, à semelhança de todas as outras unidades e viaturas de todos os ramos das forças armadas. É esta a noção do uso racional dos dinheiros públicos em Portugal, que nos conduziu até onde estamos. Infelizmente, é esta mentalidade comezinha e provinciana dentro do espaço europeu, que reina no país e seus governantes. Faz-me lembrar o caso do funcionário que comprou um carro topo de gama e que depois não o tira da garagem por não ter dinheiro para o manter, ou o da velhinha que vendeu o televisor para com o dinheiro comprar um leitor de vídeo... Para as idas e vindas à Guiné-Bissau é que parece nunca faltar o dinheiro. Assim, como de seis em seis meses, a cada golpe de estado vamos até lá com a nossa frota, se passarem a incluir o Tridente na viagem, fica o problema dos exercícios resolvido... Entretanto, em relação às vendas da Ferrostaal à Grécia e a Portugal, a Alemanha deve estar a dizer o mesmo que dizia a minha bisavó nestes casos: "Com o desgoverno da minha vizinha, arranjei eu a minha casinha"...

sábado, 12 de maio de 2012

CRIMINALIDADE EM BAIXA...

       Noticiário da manhã de hoje: Foram assaltadas sete ourivesarias, de norte a sul do país, nas últimas horas, elevando para 93 o número de assaltos destes estabelecimentos desde Janeiro.

       O que nos vale é que a criminalidade, segundo as estatísticas oficiais, tem vindo a baixar...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

COMPRAR PORTUGUÊS...QUANDO HÁ!

     Foi hoje divulgada uma boa notícia sobre o desempenho da nossa economia (haja Deus!). As nossas exportações atingiram um valor recorde no primeiro trimestre do ano e o montante das importações baixou, face ao período homólogo do ano anterior, o que fez baixar o défice das trocas com o exterior para o valor mais baixo de sempre, cerca de 800 milhões de euros. Ainda assim, é um défice! Défice que poderia ser anulado se os portugueses dessem prioridade aos nossos produtos na hora das escolhas em lojas e supermercados. Eu sempre o fiz, ainda ninguém falava em comprar português. Mesmo que pague ligeiramente mais, prefiro sempre produtos portugueses, a não ser que sejam de qualidade manifestamente inferior. Porque os cêntimos que eventualmente poupamos ao optar por um produto estrangeiro, ( e nem sempre é assim) iremos pagá-los mais tarde em subsídios de desemprego, em aumento de impostos e outros custos não mensuráveis. Mas também nos acontece querer comprar o que é nosso e não conseguirmos.
      Todos os anos me desloco à Cova da Beira em Junho, propositadamente, para ali comprar, junto à estrada, as melhores cerejas de Portugal, acabadinhas de colher nas árvores ali ao lado. Há um par de anos, estava nas termas de Manteigas e decidi ir à Covilhã às compras. Como estávamos em Junho, queria cerejas do Fundão. Fui a todas as grandes superfícies da zona comercial junto ao hospital e não consegui encontrar cerejas portuguesas. Havia fruta do Brasil, da Costa Rica, da Colômbia, do Equador, do Chile, da Califórnia, da África do Sul, da Espanha, França, Itália, até de Israel! Mas cerejas portuguesas, não! Essas só havia nas árvores carregadas uns 30 Km mais a sul... Paradoxalmente, que vão em boa parte para o estrangeiro, que parece apreciar melhor o que é nosso! Não comprei nada! Furioso com o país e com os empresários de sucesso que temos, fui à serra da Gardunha ali ao lado, parei nos meus locais de sempre e comi cerejas até me fartar!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

LEI DO ARRENDAMENTO

     O governo vai já proceder a uma alteração na nova Lei do Arrendamento. A primeira de muitas, parece-me. Os aumentos das rendas vão ter que respeitar os rendimentos dos inquilinos. Aparentemente trata-se de uma medida justa. No entanto, eu não concordo com ela. Recorde-se que o mercado habitacional chegou ao ponto em que está devido à Lei do Arrendamento que vigora desde pouco depois do 25 de Abril e que congelou as rendas. Isto provocou a inexistência no mercado de casas para alugar o que obrigou os portugueses a tornar-se no povo europeu com maior percentagem de proprietários de habitação própria, com os resultados nefastos que agora se começam a verificar. O que esta alteração vai provocar é que os senhorios não vão alugar casas a pessoas de baixos rendimentos. Quando aparecerem dois candidatos ao aluguer, um, funcionário público com 1500 € de rendimento mensal e outro, trabalhador da construção com ordenado declarado de 485€, a quem acham que o senhorio vai alugar? O que o governo está a querer fazer é política social com o dinheiro dos outros. Se acha que deve haver um tecto de renda para estas pessoas, deve pagar a restante parte ao senhorio, através de um subsídio. Se não há dinheiro para subsídios, então mais valia deixar as coisas como estavam. A minha bisavó tinha um ditado que dizia: " com as botas do meu pai sou eu um grande homem"...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

MAUS VENTOS DOS BALCÃS

      No passado dia 23 de Abril, comentei aqui os riscos que a Europa corre, face ao rápido crescimento dos partidos radicais em quase todos os países. O foco das atenções está agora em França e na Grécia, onde houve ontem eleições. Como se previa, em França ganhou o candidato apoiado pelo PS francês. Há um grande entusiasmo nas opiniões públicas europeias, pensando talvez que a dissolução da dupla Merkozy, substituída pela Merkhollande, acabará miraculosamente com os programas de austeridade a que estamos sujeitos. Tenho as maiores dúvidas sobre isso, mas aguardemos mais algum tempo. Quanto à Grécia, nada de surpreendente: enorme subida dos partidos radicais, com a extrema esquerda a conquistar o segundo lugar e subida também da extrema direita. Resultado imediato: um país ingovernável, provavelmente com novas eleições dentro de pouco tempo, encaminhando-se a passos largos para a saída do Euro e consequentemente da UE. Caminho que poderá acabar numa explosão social com consequências imprevisíveis, mas que deixará certamente muito chamuscada a Zona Euro e a UE. Aguardemos os próximos capítulos.

domingo, 6 de maio de 2012

NEGÓCIOS DA CHINA PORTUGUESES

    E continua a saga do Pingo Doce. Cinco dias depois da campanha dos descontos, é assunto de conversa na comunicação social, nas redes sociais e nas mesas de café. Creio que nem os estrategos de publicidade e marketing que criaram a campanha, contavam com um êxito tão retumbante. A percepção da imagem de marca é enorme e isso vai com certeza reflectir-se nos resultados dos próximos tempos. Houve agora um efeito colateral: começou a falar-se das escandalosas margens de lucro que as grandes superfícies obtêm sobre os preços pagos ao produtor. Em alguns produtos chegam aos 80%! Isto já era conhecido, mas também é rapidamente esquecido. Periodicamente surgem notícias sobre o controlo absoluto sobre os preços e a posição de total dependência dos produtores em relação aos grandes distribuidores. Isto acontece por deficiente regulação e por falta de organização associativa por parte dos produtores. É preciso notar que estas grandes empresas não criam nada, apenas se limitam a vender o que outros produzem. Há quem aponte os muitos postos de trabalho que geram. Estes são fáceis de contabilizar. E os que se perdem no comércio tradicional que há anos vai encerrando portas? Esses números estão apurados? E este negócio tem sido uma "mina" em Portugal. Com margens destas não admira que as maiores fortunas portuguesas estejam nas mãos dos donos ou accionistas maioritários destas grandes empresas de distribuição. De tal modo que se afastaram progressivamente das indústrias que os lançaram como empresários de sucesso. É que essa actividade era menos rendosa, muito mais arriscada e sujeita a grande concorrência internacional. Esta é bem mais pacífica e previsível. Basta colocar as prateleiras e enchê-las com os produtos que os outros lá vão colocar aos preços que o dono da loja estipula. Outros que a pouco e pouco vão abandonando a terra e as explorações pecuárias por serem assim inviáveis. Depois aconselhem-nos a ser empreendedores e a produzir bens transaccionáveis...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

PINGOS DE MARKETING

     Escrevi no meu último "post" que o nosso país parece não ter quaisquer problemas, dada a forma como relega para segundo plano os que tem, e bem graves eles são. Referia-me à relevância atribuída ao caso da greve dos jogadores da União de Leiria. Afinal o "prime time" da UDL durou apenas até à promoção do Pingo Doce de 1 de Maio. E esta não teve apenas direito à abertura dos telejornais: durou os telejornais quase inteiros, debates nos horários nobres, primeiras páginas nos jornais, as redes sociais não falam de outra coisa, letras de canções conhecidas adaptadas, e, pasme-se... discussão na Assembleia da República. De facto, tenha havido "dumping" ou não, a aposta foi claramente ganha, do ponto de vista do Pingo Doce, é claro. Quanto custariam 3 dias de campanha publicitária ininterrupta? Muito mais que as eventuais perdas obtidas com o desconto proporcionado na campanha. Campanha que chegou a praticamente todos os consumidores, como se prova neste meu comentário. Quer se aplauda, quer se critique, o que é certo é que anda toda a gente a falar do assunto. Acho até que no futuro, dado que já há quem prometa copiar a ideia, a Protecção Civil deveria aproveitar a oportunidade para testar em cenário real uma cena de açambarcamento provocado pela notícia do aproximar de um tufão ou de qualquer outra catástrofe. Em tempo de magros orçamentos e escassas verbas, não se gastava dinheiro em simulacros...