Por vezes ouvimos falar em casos de famílias carenciadas, com graves desvios comportamentais, normalmente associados ao alcoolismo, prostituição, consumo de drogas, que tem como consequência maus tratos e abandono de filhos menores. Nestes casos, habitualmente as comissões de protecção de menores encaminham-nos para os tribunais de menores que retiram aos pais a tutela sobre os filhos, entregando-os a instituições para deles cuidarem.
Nos últimos dias, têm-se multiplicado as notícias que nos dão conta da extrema penúria que se abateu sobre instituições e serviços absolutamente essenciais ao funcionamento de um país moderno e civilizado: frotas de carros de polícia imobilizadas por falta de peças e de combustível, quartéis de bombeiros praticamente desactivados por igual motivo, hospitais a pedirem compressas cirúrgicas emprestadas para não terem que cancelar cirurgias, etc. Em contrapartida temos uma rede de autoestradas só comparável à do estado federado da Renânia-Vestefália, na Alemanha. Em algumas das nossas faltam apenas os carros... É claro que foram todas mandadas construir com base em estudos muito rigorosos, em que estiveram absolutamente ausentes negociatas com grandes firmas construtoras e pressão de lobies de autarcas influentes sobre o poder central! E que dizer dos estádios de futebol construídos para o Euro 2004, vários deles ao abandono, sem dinheiro para manutenção, verdadeiros monumentos ao desperdício?
Com tanta asneira acumulada ao longo de anos e verbas colossais desperdiçadas, chegámos ao fim da linha. Fomos considerados inabilitados para gerir o nosso próprio destino. Emprestaram-nos dinheiro para podermos continuar a funcionar, mas com as regras impostas pelos credores. E como não confiam em nós, só vão libertando as tranches mediante inspecções trimestrais. A humilhação é um dos preços a pagar pela má gestão dos últimos 25 anos. Passaram-nos um atestado de menoridade. E o nosso "tribunal de menores" chama-se Troika...
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