quarta-feira, 7 de março de 2012

NOVOS EMIGRANTES

     Temos tido conhecimento, desde há uns dias, de situações dramáticas vividas por portugueses que saem de Portugal para procurar trabalho em outros países europeus. Gente que dorme em carros durante quinze dias, ou em estações de comboios, que passa fome, que deambula pelas cidades inglesas ou suíças e acaba por ir bater à porta das igrejas para obter pelo menos um pouco de comida. Situações que pensávamos não voltar a ver a compatriotas nossos, desde a década de 60, dos tempos dos "bidonville". Especialmente depois de nos terem dito em 1974 que esses tempos tinham acabado! E como é que chegámos de novo aqui? Aconteceu-nos algum desastre natural? Algum cataclismo? Não, apenas má gestão, irresponsabilidade, políticas criminosas dos diversos governos que temos tido, especialmente desde 1986, ano da nossa adesão à CEE. Eles endividaram o Estado até um nível insustentável que seria impossível manter logo que a economia deixasse de crescer, como aconteceu. E sabiam que ia acontecer e que a conta chegaria, um dia. As famílias também se endividaram? Claro, a banca precisava de "despejar" crédito, para apresentar centenas de milhões de lucro, para distribuir prémios e dividendos. Crédito com dinheiro quase todo vindo de fora, emprestado. Não havia supervisão? Sim, dizem que havia... E quem foram os responsáveis? Não sabemos quem são? Na Islândia estão a julgar o seu antigo primeiro ministro, por o considerarem responsável pela sua bancarrota. E nós? Nós premiamos os nossos. Um é presidente da república, outro é alto comissário da ONU para os refugiados, outro é presidente da comissão europeia, outro é vice presidente do banco central europeu e outro está a passar umas férias douradas em Paris. Afinal também há excepções para um dos meus ditados preferidos: "Cada um tem aquilo que merece"... 

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