sexta-feira, 2 de março de 2012

O PAÍS DOS "MEGAS"

       Foi amplamente divulgada ontem, pela comunicação social, mais uma mega-operação policial, desta vez no Porto. Gostamos muito deste prefixo "mega", nós, portugueses! O livro dos recordes, o "Guiness", que o diga... Não deve haver nenhum país com tantas entradas como o nosso. Mega feijoadas, mega bolo-rei, mega torta,mega churrasco, mega pizza, enfim, connosco é tudo em grande! Noutro registo, temos os mega julgamentos, normalmente realizados num salão de bombeiros ou num pavilhão desportivo, onde se desenrolam as sessões, com 60 ou 70 arguidos, durante meses e às vezes anos, até que no fim 50 são absolvidos, 8 condenados com penas suspensas e 1 ou 2 apanham cinco ou seis anos de prisão que nunca chegam a cumprir porque vão apresentando recurso atrás de recurso até o crime prescrever. No final todos ficam satisfeitos e dizem que se fez justiça...
        Em relação às grandes operações policiais, na minha opinião, servem apenas para dar aos cidadãos uma (falsa) sensação de segurança. Enorme aparato de agentes e de meios, umas multas aplicadas, uns gramas de estupefacientes apreendidos e, na conferência de imprensa que sempre se faz e onde invariavelmente se enaltecem os resultados sempre muito positivos, anunciam-se uns números e umas detenções, até ao dia seguinte é claro. Há uns dois anos atrás, num sábado ao princípio da noite, na A-23, todos os veículos eram desviados para a área de serviço de Abrantes onde os esperava uma autêntica zona de guerra. Eram as forças especiais da GNR, as da PSP, do SEF, todos armados até aos dentes, agentes espalhados por toda a área com armamento ligeiro e pesado, dezenas de viaturas policiais, jipes, bem, parecia que tinha havido algum golpe de Estado, tal era o aparato policial e militar que ali havia. Só faltava a força aérea e os submarinos... E para quê tudo isto? Àquela mesma hora, na zona de Abrantes, havia assaltos a decorrer certamente aproveitando a rectaguarda desguarnecida... E estas operações eram ordenadas pelo mesmo ministro que havia alterado o código penal de tal forma que deu no resultado que todos agora vivemos, com os criminosos soltos pelos tribunais e com os polícias a serem gozados pelos assaltantes e delinquentes que lá foram entregar. Entretanto, vamos brincando aos polícias e ladrões, com resultados sempre muito positivos, claro...

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