quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ENDIVIDAMENTO AUTÁRQUICO? O IMI RESOLVE!

    Um dos temas mais discutidos actualmente em Portugal é a necessidade do corte na despesa do Estado. Se perguntarmos a cada português o que pensa sobre o assunto, a resposta é quase unânime: é preciso cortar nas despesas. O problema vem depois, quando se pede para concretizar. Onde cortar? Se deixarmos de lado aqueles cortes simbólicos em que todos concordamos, como o excesso de viaturas suportadas pelo Estado, recurso a escritórios de advogados amigos para darem pareceres milionários, estudos sobre tudo e sobre nada, fundações, institutos e observatórios, quando se chega à verdadeira despesa que representa a grande fatia, ninguém se entende. Todos acham que se deve cortar sim, mas no bolso do vizinho, não no seu.
     No programa deste governo e também no programa de ajustamento negociado com a troika, uma das medidas estruturais previstas, era a redução de autarquias. Freguesias e câmaras municipais. O ministro que tutela a área, Miguel Relvas, entrou cheio de energia, pedindo um relatório a cada município sobre o montante de endividamento de cada uma. Nunca mais se soube nada sobre o assunto, que eu sempre considerei que será a próxima bomba a rebentar. Começou a falar-se na redução de municípios mas, como já se previa, a Associação Nacional de Municípios Portugueses está contra. E a Associação Nacional de Freguesias também está contra. Como estarão sempre contra tudo o que signifique reduzir "tachos" e colocações para amigos. Olhe-se para o mapa ao lado e veja-se a manta de 308 retalhos em que está dividido o território português. E concelhos como o de Barcelos com 89 freguesias! Mas vá-se lá dizer a alguma aldeia que vai ficar sem a sua!
     Toda a gente sabe que as empresas municipais que têm surgido como cogumelos de há uns anos para cá têm duas finalidades primordiais: esconder dívida das autarquias numa manobra típica do Xico-Espertismo nacional e colocar amigos em cargos bem remunerados de administradores em empresas quase sempre tecnicamente falidas. Esta será a próxima factura que nos será apresentada. E como Miguel Relvas e o seu governo já perderam todo o gás em relação à extinção de municípios e aí não se irá cortar nada para não se levantar mais burburinho e celeuma, e ficar com uma quantidade de "boys" no desemprego, vamos continuar a ver as frotas de carrinhos pertencentes às câmaras municipais que também não sabem onde cortar, a circular diariamente incluindo aos fins de semana, para cá e para lá, transportando técnicos disto e daquilo e os autocarros municipais a circular de norte a sul nas auto-estradas, com grupinhos e ranchinhos. E como alguém (sempre os mesmos, é claro), tem que pagar, que melhor ajuda para os exauridos cofres municipais, que um brutal aumento do IMI? Ora quando começarem a receber as notas de liquidação do IMI, com os novos valores a pagar, com aumentos da ordem dos 200, 500 ou mesmo 1000 por cento, acalmem-se e pensem apenas que é por uma boa causa: sustentar as despesas dos municípios, que são na sua grande maioria, um excelente exemplo de boa gestão dos dinheiros públicos...

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