quinta-feira, 25 de outubro de 2012

JUSTIÇA E EQUIDADE

    Há um ano atrás, quando estava a ser preparado o orçamento do Estado para 2012, em que uma das medidas mais controversas e representativas da austeridade era o corte dos dois subsídios a funcionários públicos e reformados, havia muitas vozes, nas quais eu me revia, que achavam que seria menos injusto que se aplicasse uma sobretaxa sobre os subsídios de todos os trabalhadores, repartindo assim de forma mais justa os sacrifícios. O ministro Vitor Gaspar não concordou, dizendo que o programa de ajustamento obrigava a que a consolidação orçamental se verificasse em 2/3 do lado da despesa e 1/3 do lado da receita e que se se aplicasse uma sobretaxa essa relação se inverteria. Resultado: a fatia de leão da austeridade em 2012 caiu em cima dos funcionários públicos e dos reformados.
       Para 2013, parece que o programa de ajustamento já não é o mesmo, pois a consolidação programada será feita 80% do lado da receita, principalmente com um brutal aumento do IRS e apenas 20% do lado da despesa! Parece já não haver problema... E sobre quem é que vai recair nova fatia de leão? Pois para variar e em nome da equidade, desta vez caberá aos funcionários públicos e aos reformados! E, meus amigos, chamemos-lhe despesa ou receita, a paulada é sempre dada aos do costume! Se quisermos que seja do lado da despesa, corta-se uma fatia do ordenado, se for do lado da receita, aplica-se uma taxa ou um imposto sobre esse ordenado! O resultado é sempre o emagrecimento do rendimento dos mesmos. Mas é tudo em nome da equidade, da justa repartição dos sacrifícios e do sagrado princípio da progressividade dos impostos e de que quem mais ganha mais tem que pagar! Vasco Gonçalves, se lhe tivessem dado tempo, não teria feito melhor!

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