Tenho ouvido ultimamente algumas afirmações que não correspondem à verdade. Marques Mendes, por exemplo, numa reacção ao recente anúncio de aumento de impostos afirmou que se trata de um assalto à mão armada. Não concordo! É efectivamente um assalto mas não à mão armada. Não vi até agora nenhum inspector tributário de pistola na mão à porta de qualquer contribuinte. Esses são métodos usados por outra espécie de assaltantes. Por outro lado, eu próprio afirmei há algum tempo (ainda no consulado de Sócrates), termos atingido o limite da carga fiscal, a partir do qual a cada novo aumento de imposto resultaria uma diminuição da receita arrecadada (a aplicação da célebre curva de Laffer). Afinal enganei-me. Tem-nos sido demonstrado à exaustão que em Portugal não há limite para a carga fiscal. Acho até que há uma boa margem de progressão para o IRS. Vejam que o último escalão passará a ter uma taxa marginal de 54,5%. Ora ainda pode subir uns 35,5%, ficando nos 90%, para dar margem ao contribuinte para poder pagar os outros impostos, como o IUC,IMI, etc.
Acho também que se devem parar imediatamente com os apelos e manifestações a pedir isto e aquilo. Tem-se pedido insistentemente para se cortar na despesa do Estado, aliviando-se assim a pressão sobre a receita. E o governo cortou! Diminuiu vencimentos, retirou subsídios, fechou mais hospitais e escolas... Pediram para que se taxasse o capital; e o governo taxou! Aumentou a taxa liberatória sobre depósitos, dividendos e mais-valias de títulos para 28%. Um depósitozinho a prazo de 500€ agora passa a pagar uma taxa de 28% sobre os juros(?) que rende. Ora aí está como o capital também contribui para o sacrifício geral! Pedia-se para aumentar os impostos sobre os ricos; e o governo aumentou! Subiu à estratosfera o IRS sobre os que não lhe podem fugir, principalmente aos ricos, que são em Portugal todos os que ganham acima de 700€. Finalmente, pediram para subir impostos sobre o património; e o governo subiu! O IMI sobre as nossas casinhas vai aumentar umas centenas ou milhares por cento logo que caia a cláusula de salvaguarda. Como se vê, o governo tem dado ouvidos às forças vivas da nação que clamam e reivindicam. O meu apelo é que, por amor de Deus, não lhe peçam mais nada!
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