quinta-feira, 21 de junho de 2012
TRAGÉDIA GREGA - CAPÍTULO SEGUINTE
Na Grécia as sondagens davam a vitória nas eleições do passado domingo ao Syriza, partido de extrema esquerda, que se opõe ao programa da troika e o queria renegociar, ou simplesmente rasgá-lo. Com receio daquilo que se adivinhava se tal acontecesse, a saída da Zona Euro e certamente da UE, muitos gregos decidiram votar nos partidos pró-resgate, nomeadamente na Nova Democracia, que obteve a vitória, embora por escassa margem. Já existe acordo para a formação de um novo governo, mas a extrema instabilidade vai certamente continuar o que tornará o seu prazo de vida necessariamente curto e difícil. O país está profundamente dividido, está exangue, a população está de rastos e não há solução com viabilidade económica nos moldes actuais. Só há uma de duas vias, quanto a mim: ou a Europa assume de vez o custo económico de salvar a Grécia, perdoando-lhe quase totalmente a dívida e obrigando-a a tornar-se num país "normal", organizado, que cobre impostos e onde se trabalhe e as instituições funcionem normalmente, ou deixando-a cair no caos, cortando-lhe o financiamento, empurrando-a para fora da UE, abrindo caminho a uma ditadura militar e entregando-a à esfera de influência de Moscovo ou Pequim, assumindo assim o enorme custo político que essa decisão acarreta ao abrir um perigoso precedente. Ambas comportam sacrifício e risco. Estarão os actuais líderes europeus à altura de tal decisão? Não creio. Se estivessem não teríamos chegado até aqui. Para premiar os gregos pela votação do passado domingo, irá certamente haver um pequeno aliviar da pressão, talvez um alargamento do prazo de pagamento dos empréstimos, mas no essencial tudo continuará na mesma. O que se passou foi apenas um adiamento. Não me atrevo a fazer mais previsões que as que aqui ficam.
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