sábado, 23 de junho de 2012

POLÍTICA E MENTIRA DE MÃOS DADAS

     O primeiro ministro espanhol adoptou e corporiza na perfeição a moderna maneira de fazer política a que, infelizmente, os cidadãos já se habituaram: recorrendo sistematicamente à mentira. A aldrabice está  de tal forma enraizada no discurso político, que já ninguém acredita numa palavra do que esta gente diz. Por isso, mais valia permanecerem calados. A forma grosseira e inqualificável como tratou a questão do resgate à banca espanhola é o último exemplo. Resgate chamamos-lhe nós, porque ele acha que é um "suave apoio financeiro". E sem contrapartidas, dizia. E sem afectar a dívida pública e o défice, acrescentava. E a seu pedido, não por pressões de Bruxelas. Tudo conseguido por ele, pessoalmente, ao contrário dos tótós de outros países que anteriormente se viram na mesma situação. Afinal, enquanto esbracejava entusiasticamente assistindo ao vivo a um jogo da selecção espanhola no Euro-2012, para onde se deslocou enquanto o país se via a braços com uma situação dificílima e potencialmente explosiva, viu-se desmentido sucessivamente em tudo o que tinha dito, como é óbvio. Claro que o empréstimo afecta a dívida pública, o que fez baixar ainda mais o "rating" e o receio dos mercados financeiros, o que se reflectiu imediatamente nas taxas de juro. É claro que Espanha já não escapa de um resgate financeiro clássico, que será de cerca de 500 mil milhões de euros e a banca sofrerá um primeiro castigo através de fusões, fecho de milhares de agências e despedimentos maciços de mais de 30000 empregados. Boas notícias, num país com 25% de taxa de desemprego! E que austeridade virá associada ao resgate do país? Talvez o Sr. Rajoy consiga contorná-la, quem sabe? Prepara-se uma "bomba" social no país vizinho. O resultado das políticas de sucesso e de "crescimento", dos governos anteriores. Lá, como cá. E aqui tem o Sr. Rajoy razão: os espanhóis não são os portugueses; basta ver o que se passa nas Astúrias e em Leão com a ameaça do fecho de minas de carvão. A revolta está nas ruas e promete...

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