domingo, 25 de novembro de 2012

ENCRUZILHADA EUROPEIA

      Recordo-me de, aquando da entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio) em 2001, ter afirmado que a partir daquele momento nada seria como dantes e que iriam haver enormes transformações no mundo, a todos os níveis. Os países mais poderosos e influentes, viram grandes oportunidades e vantagens para si com esta entrada: um mercado gigantesco que se abria aos seus produtos, com tecnologias muito mais avançadas e que em breve a emergente classe média chinesa iria ambicionar possuir. Nos primeiros anos isso foi parcialmente verdadeiro, ou seja, EUA, Japão e alguns países europeus exportaram grandes quantidades de produtos de alta tecnologia, como computadores, "gadgets", automóveis, etc, mas em contrapartida a China invadiu-nos com todo o género de produtos manufacturados, inicialmente apenas de pouca composição tecnológica mas logo a seguir copiaram tudo o que se pudesse fabricar e hoje, exceptuando talvez os automóveis, fabricam tudo o que o mundo consome. Não é por acaso que os 3 grandes blocos económicos mundiais estão hoje em declínio. O Japão nunca mais se conseguiu levantar da queda da década de 90, os EUA têm uma dívida colossal, que está em grande parte em posse da China e a Europa está de rastos, em recessão e sem rumo. E não me venham com as habituais explicações, que há vantagens para ambos os lados, que nós (Alemanha e poucos mais) também vendemos muito para a China, etc. É claro para mim que o declínio económico da Europa tem 2 motivos principais. Os enormes fluxos de riqueza que são directamente transferidos para a China e para os países produtores de petróleo. Com o barril de crude estabilizado há anos à volta dos 100 dólares e com a desindustrialização generalizada provocada pela fuga dos investimentos em busca de mão de obra barata e pela invasão de produtos asiáticos ao preço da chuva, a riqueza que a Europa produz é toda canalizada nestes 2 sentidos. Essa sangria está a deixar-nos exangues. Basta ver onde está o dinheiro. Enquanto por aqui se contam os tostões, a China não sabe onde guardar as reservas de divisas e os países produtores de petróleo nadam em ouro. E o que se tem feito contra isto? Nada! Continuamos dependentes do petróleo e seus obscuros interesses e não pensamos em quaisquer regras proteccionistas, rejeitando-as em absoluto como se estivéssemos a competir com as mesmas regras com países onde há trabalho infantil, sem qualquer protecção social, laboral ou ambiental. E com esta realidade estamos a empobrecer vertiginosamente e a ter que alterar todo o nosso modo de viver. Houve quem pensasse que a Europa e os EUA podiam manter o seu padrão de vida, dizimando quase toda a sua indústria e sector mineiro. Dedicávamo-nos todos por aqui a explorar restaurantes, hotéis e campos de golfe e a construir casas e condomínios para ninguém. É claro que isto tinha que acabar mal. E agora que olhamos para os cofres vazios e para os títulos das nossas dívidas é que achamos que é preciso olhar para o mar, para a agricultura, minas e para os bens transaccionáveis, no fundo para tudo o que abandonámos. Não estou a falar apenas do caso português, porque em diferentes dimensões passou-se em toda a Europa. Estamos a colher o resultado de más decisões estratégicas e de políticas erradas tomadas por sucessivos incompetentes, nalguns casos a roçar a idiotice e a pigmeus políticos, de um lado e de outro do Atlântico, como 8 anos de George W. Bush que destruiram a América e de outros tantos parecidos,  na Europa. E agora? Quem nos tira deste atoleiro? O bando de incompetentes que temos à frente dos países e das instâncias europeias? As brilhantes alternativas que as "democracias" europeias nos oferecem como escolha, ou seja, escolher entre o medíocre A e o medíocre B?... Aliciante futuro, que se vislumbra para a Europa!

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