Desde 2008, com a ignição da crise do subprime provocada pela queda da Lehman Brothers, que ouvimos falar diariamente das "políticas de crescimento económico". E foi pouco depois, seguindo indicações de Bruxelas, que os Estados lançaram dinheiro nas economias, endividando-se, esquecendo défices, para com essas "políticas de crescimento", combaterem o desemprego que começava a crescer e a ameaça de recessão. Com os défices orçamentais descontrolados por essas "políticas de crescimento" aconselhadas por Bruxelas, esses mesmos Estados receberam ordens, um ano depois, para travar as políticas despesistas e para aplicar severos programas de austeridade que combatessem o excesso de endividamento e de défice orçamental. Coerência absoluta e elevada competência técnica, como se vê, dessas instâncias cujos representantes agora nos visitam trimestralmente, com os seus doutos conhecimentos!
Mas o que são afinal essas "políticas de crescimento" de que toda a gente fala? São os secretários gerais das centrais sindicais, são os líderes dos partidos, são os comentadores, são os economistas que nunca acertam uma, mas que falam de tudo, enfim, são quase todos. E se se lhes perguntasse para dizerem em concreto o que são, alguns talvez respondessem que se crescia com pílulas de óleo de fígado de bacalhau ou com comprimidos de cálcio...
Foram as "políticas de crescimento" que nos trouxeram até aqui. As auto-estradas paralelas a outras já existentes e que agora estão vazias, os estádios de futebol a apodrecer, as escolas de luxo que nem os países escandinavos têm, e que agora têm lá dentro alunos que não têm que comer, os bancos sem regulação que emprestavam dinheiro que não tínhamos, para comprar 2ª e 3ª habitação e ir de férias para o Brasil, a pessoas que agora as entregam aos bancos, essas é que são as políticas de crescimento que vão na cabeça da maioria dos que falam delas.
Na minha opinião, o Estado deve apenas criar as condições necessárias para que as empresas invistam e elas sim, farão a economia crescer. Com financiamento disponível, estabilidade legislativa com leis que não mudem de 6 em 6 meses, com uma fiscalidade justa que não as sufoque, com menos burocracia e com o aparelho judicial a funcionar. Tudo o que não temos e de que ouvimos falar há 30 anos mas que ninguém resolve! Estas é que seriam as verdadeiras políticas de crescimento que fariam o país sair do lodaçal em que mergulhou. Querem uma sugestão de investimento do Estado? Façam a auto-estrada de ligação do porto de Sines até Caia e a linha de caminho de ferro ao lado. Estas duas infraestruturas seriam absolutamente vitais para o desenvolvimento do país e que dariam ao porto de Sines as condições para se poder tornar o principal porto marítimo da Europa. Os que agora descobriram que o nosso desígnio é o mar, que só fomos grandes no mundo quando nos virámos para o mar, que lutem em Bruxelas para que estas obras sejam financiadas com absoluta prioridade. E que não esqueçam também, porque eu não esqueci, que foram eles, os que descobriram agora o desígnio do mar, que destruiram a nossa frota de pesca, a nossa marinha mercante, a nossa indústria de construção e reparação naval e que deixaram que a nossa costa fosse coberta de norte a sul de mamarrachos de betão e resorts, através das tais "políticas de crescimento"...
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