domingo, 26 de maio de 2013

UM LAMENTO SOBRE CALDAS DA RAINHA

    Como em muitos domingos pela manhã, hoje rumei cedo às Caldas da Rainha. Gosto de ali chegar antes de os "arrumadores" de carros se levantarem e abanarem as mãos junto a qualquer lugar disponível. Junto à rainha, as primeiras obras. Que se repetiam na rua do parque; e em frente ao hospital termal; e junto ao antigo edifício da PSP; e se prolongavam pela rua que segue da praça para o café Marinto; no topo da praça da fruta, tudo entaipado; ruas esventradas, pó e pedras por todo o lado. Depois lembrei-me que este ano há eleições autárquicas! Está então explicado o estado de sítio! A praça, ao contrário do que acontecia há uns meses, tinha muito poucos clientes. Vendedores, também. Muitas clareiras e pouco entusiasmo. Fui à rua das montras. Que saudades do meu tempo de estudante, quando ainda passavam carros por ali e a rua regurgitava de gente! As lojas, que eram contínuas, sempre cheias! Hoje, vêem-se vidros tapados com jornais ou papel de embrulho. No chão, mendigos estendidos, ao lado de cães, pedem esmola. Na rua Heróis da Grande Guerra, talvez a principal artéria da cidade, o lixo acumulava-se no chão, também sujo de líquidos derramados. Debaixo das arcadas de lojas ainda em funcionamento, copos de plástico deitados a verter cerveja, junto a montinhos de cascas de amendoins e tremoços. Percorri várias ruas secundárias. É raro encontrar uma parede, uma montra ou uma porta que não esteja grafitada ou simplesmente suja e vandalizada. Ruas inteiras! Prédios novos mas inacabados, todos cobertos com a mesma praga de graffitti. Em várias dessas ruas, a maioria das lojas estão encerradas definitivamente. O parque D. Carlos I, está em boa parte sem manutenção e nem me atrevo a falar do escândalo do abandono dos edifícios históricos que ameaçam ruir no seu interior. O hospital termal, ex-libris secular da cidade, encerrou a sua vertente termal, aquela que lhe dava fama e proveito e que deu sentido à fundação da cidade. Fui a Tornada. A célebre recta, ainda há poucos anos cheia de stands de automóveis, lojas de vários ramos, unidades industriais, está igual à cidade: unidades industriais a cair em pedaços, stands abandonados e em degradação profunda. Se não estivesse perfeitamente lúcido, poria em dúvida se estaria mesmo em Caldas da Rainha. Mas o que fizeram a esta cidade? Onde está o seu dinamismo? Onde estão os seus autarcas? As suas forças vivas? Só existem delinquentes? Às 9 horas da manhã viam-se grupos que, a julgar pelo seu comportamento pensei inicialmente estarem a sair de algum bar de alterne, mas depois olhando melhor para o seu traje (pelo menos a capa, tentando não dar muita atenção ao resto...), inclinei-me mais para a hipótese de serem frequentadores de escolas (vulgarmente chamados de estudantes). Que ambiente, meu Deus! O que fizeram a esta outrora, bela cidade?

1 comentário:

  1. Muito bem dito meu amigo, mas pena é que que não se possa fazer alguma coisa, uma delas perguntar ao nosso senhor Presidente da camara o que ele fez na realidade ás Caldas da Rainha, pois é muito facil nos seus discursos falar muito bonito o tal bla bla bla e a malta aplaude e niuguem tem a coragem de lhe mostrar tudo isso que se está a passar na nossa Cidade e Freguesias, eu sei que a culpa não é só dos autarcas mas eles são muito muito fracos, á que os encostar á parede e perguntar-lhes se sabem o que fizeram á Cidade das Caldas da Rainha

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