quarta-feira, 22 de maio de 2013

O "SUCESSO" DA IDA AOS MERCADOS.

Portugal foi há uns dias aos mercados. Aos famigerados mercados, de que todos os dias ouvimos falar e em nome dos quais nos são impostos sacrifícios cada vez mais pesados. Parece que a procura excedeu a oferta em três vezes e por isso o nosso ministro das finanças veio anunciar que se tratou de um sucesso. Mais um! Sim, que nos últimos tempos, no que diz respeito a economia e finanças, os sucessos portugueses fazem fila atrás uns dos outros. Mas... Quem acompanha de perto estas coisas, ouviu que a colocação dos 3000 mil milhões de euros foi feita com o apoio de 6 bancos, ou seja, um sindicato bancário, que no caso de a procura não ser suficiente se comprometem à partida a tomarem eles a totalidade da emissão. Assim, o sucesso está sempre garantido... Aliás, nos últimos tempos de Sócrates, já eram os bancos portugueses que compravam a maioria das obrigações que o Estado emitia, até que não o podendo fazer mais, pressionaram Teixeira dos Santos a pedir a intervenção da troika. Os operadores que normalmente compram dívida soberana nos mercados, fundos de investimento e fundos de pensões, por exemplo, estão impedidos de o fazer pelos seus próprios regulamentos internos, a países ou instituições com rating's de "lixo" como o nosso. Ora os bancos que o fazem, não é por filantropia, como é óbvio. Financiam-se a 0,5% junto do BCE e depois vêm aplicar esse capital a comprar dívida pública portuguesa a 5,5%. Como é que haviam de emprestar dinheiro às empresas? Aqui é muito mais seguro e sem chatices! Pagam os contribuintes! E porque é que o Estado não emite obrigações do tesouro que o público possa comprar, como antigamente? Que lhe sairia muito mais barato que as taxas loucas a que se anda a financiar nos mercados e a dívida ficava dentro de portas? Pois como deve favores aos bancos que lhe compram a dívida quando mais ninguém a quer, em troca não emite obrigações no mercado primário destinadas ao público, que correria a tirar as suas poupanças desses bancos para comprar as obrigações bem mais rentáveis... Como alguém dizia: "não há almoços grátis"... Assim, fingimos todos que o rei vai vestido. Como o BCE impõe que haja pelo menos uma ida aos mercados com sucesso, para então a partir daí nos apoiar no financiamento pós-troika, já cumprimos a nossa parte e todos fingem não perceber a fantochada que tudo isto é. Mas assim empurramos o problema para a frente. "Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas"...

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