segunda-feira, 4 de março de 2013

O CASO RUI PEDRO

   O tribunal da relação do Porto, decidiu hoje sobre o recurso (mais um) apresentado pela família de Rui Pedro, o rapaz de Lousada desaparecido há 15 anos, condenando a prisão efectiva o único suspeito do rapto e consequente desaparecimento. É claro que este agora vai também recorrer, para o Supremo, tentando que tudo volte ao princípio, ou seja, à sua absolvição por falta de provas, como tinha sido decidido pelo tribunal de Lousada anteriormente.
    Este caso tem provocado sentimentos contraditórios na população portuguesa por variados motivos. Primeiro, por se tratar do desaparecimento de uma criança e pelo caso ter sido muito mediatizado, mostrando-nos em directo e ao longo de anos, o sofrimento atroz da família, especialmente da mãe, que vemos morrer aos poucos, sobrevivendo talvez apenas na esperança de ainda ver o filho com vida. O avô, faleceu pouco depois do acontecimento, não aguentando a dor. Mas o caso apaixona também a opinião pública por uma série de notícias que mostram uma inexplicável incompetência por parte da polícia judiciária na investigação, menosprezando dados e factos aparentemente relevantes para a descoberta de eventuais culpados e a inevitável comparação com os meios e projecção dado ao caso "Maddie", por ser uma criança estrangeira e filha de gente influente. Fica assim cabalmente mostrada, como se ainda houvesse dúvidas, a diferença de tratamento que a justiça e as forças de segurança atribuem a casos aparentemente iguais, conforme se trate ou não de pessoas "importantes". E perante casos destes, como nos podemos admirar do elevado nível de desconfiança que os portugueses têm actualmente na Justiça? Como podemos confiar na justeza de uma sentença que absolve um arguido, quando outro tribunal, sem quaisquer outros novos dados,  o condena? Quem tem razão? Não podem ter os dois! E 15 anos depois?

      Independentemente do desfecho final, este caso é mais um a envergonhar-nos como portugueses. E a lamentar aquela mãe, destruída pelo sofrimento, que já não quer saber de tribunais nem de sentenças. Ela só quereria que alguém lhe restituísse o seu filho!

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