Uma das medidas impostas a Chipre como condição para o plano de resgate de 10 mil milhões de euros, foi o confisco (chamam-lhe imposto) de 9,9% sobre os depósitos bancários superiores a 100 mil euros e de 6,6% sobre os de montante inferior. Este roubo, porque não encontro outra palavra que o descreva melhor, mostra bem o estado de paranóia e como anda de cabeça perdida quem manda efectivamente na Europa. Ainda espero ver num dos próximos resgates, exigir-se a aplicação de 10 chicotadas a cada cidadão que as possa receber...
Chipre é um pequeno país, que não representa nada, economicamente falando, na UE. E 10 mil milhões são trocos, para a Europa. Isto vem no seguimento do que por aqui tenho afirmado, de que o que se pretende essencialmente com estes programas, é punir severamente os "prevaricadores". E então, é preciso "inovar"! Os cipriotas correram às caixas multibanco, como se uma medida deste tipo não fosse sempre tomada num fim de semana e com os respectivos montantes de confisco já cativos nas contas. Só que o problema não é com Chipre. Todos os que estão um pouco por dentro da temática sabem que o pilar central do sistema bancário é a confiança. E uma medida destas abala esse pilar de forma dramática. É claro que gregos, portugueses e irlandeses, para já, e espanhóis e italianos a seguir, já estarão a fazer contas de cabeça e a questionar-se intimamente se não estarão a seguir na lista! Aquela luminária que é o comissário europeu responsável pela economia, Olli Rehn, já veio afirmar que esta medida é só para Chipre... E, como estamos habituados a que esta gente fale sempre a verdade, podemos ficar descansados! Isto vai provocar uma desconfiança generalizada na banca europeia, num momento em que o sector financeiro ainda está a tentar recompor-se. Será que algum desses cérebros iluminados que governam esta Europa, pensou nisso?
Vai haver por aí muito colchão que passará a ter um segundo forro. A gatunagem decerto já esfrega as mãos de contente. Quantos aos banqueiros, por esta altura devem estar a rogar quantas pragas conhecem, à bola de Berlim e à madame Lagarde. Com toda a razão, diria eu. Por outro lado, acho que nas próximas semanas as grandes empresas deviam pensar em fazer emissões obrigacionistas, normalmente mais bem remuneradas que os depósitos bancários, para tentar captar o dinheiro dos pequenos aforradores que o têm nos bancos e que estarão agora em pânico.
Quanto ao governo cipriota, acho que perante uma tamanha desfaçatez, arrogância e prepotência por parte dos dirigentes europeus, deveriam ter fomentado secretamente negociações com o governo russo e chinês, para que lhes concedessem o empréstimo a troco de facilidades na ilha, nomeadamente de ordem militar. Não teriam quaisquer dificuldades em obtê-lo. E depois, com essa garantia nas mãos, se a Europa ameaçasse com a saída de Chipre do euro, pois que o fizesse. Gostaria de ver a atitude dos EUA, ao saber que a China ou a Rússia se preparavam para instalar uma base militar no Mediterrâneo oriental, junto a 2 dos pilares da Nato, Grécia e Turquia. Mas parece que já nem para negociar nem para dar um murro na mesa, os actuais políticos têm habilidade...
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