quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A "AJUDA" DO FMI - 2

      A encomenda do relatório do FMI, por parte do governo português, sobre os cortes na "despesa" do Estado, faz-me lembrar as grandes empresas portuguesas, quando algum dos seus gestores cheios de MBA'S e doutoramentos se lembra de chamar a Deloitte ou a Mckinsey, que nunca viram a referida empresa ou sobre ela fazem a mínima ideia, para lhes dizerem onde "poupar", ou onde "cortar"! E lá entra um batalhão de consultores, pedem uns papéis, uns dossiers, vêem uns números, colocam aquilo tudo nuns programas e lá sai o resultado na forma de recomendações: deve-se despedir X "colaboradores" neste ou naquele sector, pode-se poupar umas resmas de papel se a impressora trabalhar assim ou assado, o tinteiro também pode durar até 2035 se a impressora estiver sempre desligada, se toda a gente trabalhar às escuras poupa-se imenso na electricidade e se todos levarem uma manta para pôr nos joelhos no Inverno, a poupança em aquecimento central será enorme. Os elevadores podem muito bem ficar desligados, pois as escadas agora estão muito em voga para manterem a saúde e se os "colaboradores" de determinado sector trabalharem 16 horas por dia pode-se muito bem despedir metade do pessoal. Curiosamente, nunca vi nenhum destes relatórios aconselhar a redução ou a retirada de cartões de crédito da empresa aos seus administradores, reduzir a frota de limusinas ou as despesas de representação... É que são eles que lhes autorizam o pagamento chorudo, no final da encomenda...
   
        O mesmo se passa com o relatório do FMI. Os técnicos que o elaboram, servem-se da mesma receita que aplicam em Portugal, na Argentina, na Letónia, no Uganda ou no Bornéu. Para eles não há diferenças. Que tal as pessoas chamarem o FMI para lhes indicarem onde poupar na nossa casa? Mandar cortar a electricidade e a água, comer apenas ao almoço, tomar banho só no Natal e Páscoa e passar o dia deitado, pois já dizia a minha bisavó que "corpo deitado aguenta muita fome"... Eles assim garantiam-nos que o ordenado chegava sempre até ao final do mês!

        Pois com o país, passa-se o mesmo. Eu podia elaborar este relatório e garanto que cobrava muito menos! Aconselhava o fecho de todas as escolas. Antes de 1910 o país não tinha sistema de ensino e ninguém morreu por isso. Fechava também todos os hospitais, mantendo apenas os centrais de Lisboa, Porto e Coimbra. As pessoas que apostem na medicina preventiva. Reformas, nem vê-las; no tempo de Salazar não havia reformas, quem queria comer tinha que trabalhar até ao último dos seus dias. Polícias, todos despedidos! Polícias para quê? Aliás, onde estão eles? Não se vêem em lado nenhum, a não ser em operações STOP, quando recebem ordens para caçar. E quando "caçam" alguém, os tribunais rapidamente anulam o esforço, libertando os criminosos, portanto acabe-se com a polícia e os tribunais. E depois de despedir esta malta toda, não pagava subsídios a ninguém, pois quem não trabalha não tem direito a receber o que quer que seja! Garanto-vos que apresentava nesse ano e pela primeira vez,um superavit nas contas do Estado! E seria elogiado em todas as instâncias internacionais e tomado como exemplo em todos os fóruns, seminários, workshops e congressos sobre economia. E como prémio de desempenho seria nomeado assessor principal para a área dos cortes, de Christine Lagarde...

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