quinta-feira, 12 de julho de 2012

CONFIANÇA NOS BANCOS - 2

   Há 10 anos atrás, o BPN remunerava os depósitos a prazo a uma taxa bem superior à taxa que praticava em média nas operações de crédito. Eu perguntava então, se ninguém achava estranho tal facto. Se o negócio central dos bancos, o que agora se chama de "core business", é captar fundos e financiar a economia, se perde dinheiro neste negócio, não há muitas alternativas para explicar como é isto possível: ou ganha muito dinheiro no segmento da banca de investimento, que compense as perdas no retalho, ou tem um negócio internacional altamente rentável que compensa as perdas nacionais, ou há algum "cambalacho" escondido. Segmento internacional, não tinha; banca de investimento era praticamente inexistente. Mas para o supervisor, o Banco de Portugal, estava e sempre esteve tudo bem. Toda a gente murmurava, falava-se de negócios escuros, mas estava tudo bem, até suceder o que sucedeu.
    O que eu acho é que, das duas uma: ou os bancos são considerados empresas normais, que quando têm prejuízos ou má gestão insustentáveis que os tornam inviáveis, fecham e vão à falência, ou são considerados intocáveis, demasiado importantes para falir por haver a possibilidade de se comportarem como pedras de dominó que arrastem todos os outros na queda e que tenham por isso que ser ajudados por fundos públicos. Neste último caso, tem que haver uma rigorosíssima e implacável regulação e supervisão, que proteja os interesses e o dinheiro daqueles que pagam impostos. Essa supervisão implica uma acção de inspeccionamento permanente que no caso dos maiores bancos deve passar pela permanência de inspectores a tempo inteiro nas sedes desses bancos. É intolerável que se repitam os casos de distribuição generosa de dividendos e de lucros conseguidos muitas vezes através de actos de gestão irresponsáveis e imprudentes mas geradores de mais valias de curto prazo, e quando esses actos se transformam em prejuízos e causam danos irreparáveis, sejam os contribuintes chamados a reparar tais danos com impunidade total dos responsáveis.

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