terça-feira, 10 de abril de 2012

A HISTÓRIA REPETE-SE SEMPRE

     Carta de um inglês que residia em Lisboa em 1710, acerca da dependência de Portugal em relação a Inglaterra:
     Todo o ouro deles, assim como açúcar e tabacos, são os lucros dos nossos industriais pelos produtos que lhes vendemos a crédito para serem pagos com o lucro do comércio com o Brasil. Três partes em quatro, do trigo consumido neste país e todos os panos tingidos são importados de Inglaterra, de modo que isto explica porque é que esta gente vive para nós e não pode viver sem nós.

      Agora a opinião de um economista português da mesma época sobre o mesmo assunto:


      O Senhor D. Pedro II fez estabelecer as fábricas quando era regente e viu acabá-las quando Rei. O mais notável é que acabaram no tempo em que a fortuna deparava a Portugal um novo agente, que, aumentando prodigiosamente o nosso capital, devia pôr a nova indústria em maior actividade. Este agente era o ouro das minas do Brasil, que se descobriram por esse tempo e pouco depois as dos diamantes; porém, correndo atrás desta riqueza de convenção, desprezámos os nossos bens reais, o reino despovoou-se e Portugal, nadando em ouro, viu-se pobre quando lhe foi preciso entregar este mesmo ouro à Inglaterra e às outras nações industriosas para nutrir e vestir os seus próprios habitantes com géneros de produção estrangeira, negociados por estrangeiros e conduzidos em embarcações estrangeiras.

      Pensemos agora no que fizemos à nossa actividade produtiva a partir da adesão à CEE, aos milhões que correram para Portugal a partir daí e na situação em que nos encontramos agora e interroguemo-nos se este país tem solução. A História repete-se sempre. E, no nosso caso, como diria a minha saudosa avó "Está-nos na massa do sangue"...

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