sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O METRO DO PORTO

      O Metro do Porto faz hoje 10 anos. Pois então, parabéns! Objecto de muita polémica desde a sua concepção, construção e exploração, por ser caro, por ser luxuoso demais, por não ter o traçado ideal, por o número de passageiros ser muito inferior ao estimado, enfim, por existir. É verdade que tirou milhares de carros do centro da cidade, o que em termos ambientais e da qualidade de vida é sempre de enaltecer. Mas os custos de exploração são desastrosos. Em 2011 o prejuízo foi de 397 milhões de euros e a dívida acumulada nestes 10 anos já vai em 2500 milhões!

        Hoje, na celebração do aniversário, fizeram-se umas entrevistas de rua. Um dos entrevistados, utente habitual do Metro, referia o conforto, a rapidez no acesso ao centro da cidade e... O reduzido preço dos bilhetes.

        Esta semana saiu um estudo sobre o custo para o Estado, de cada veículo que passa nas ex-SCUT. No caso da A-24, cada carro tem um custo de 79€ para o país. A introdução de portagens nestas vias teve como base o princípio do utilizador-pagador. Por não ser justo os portugueses que não têm carro, pagarem com os seus impostos as estradas que os outros utilizam. Sempre concordei com este princípio, que no entanto é facilmente transformado em demagogia e é perigoso. É que se for para ser levado mesmo a sério, tem que ser aplicado a tudo e a todos. Se os que não têm carro não têm que pagar as auto-estradas que não utilizam, porque é que eu que vivo em Peniche tenho que pagar o Metro do Porto? E o de Lisboa? E o prejuízo da CP? E o da Refer? E o da Carris? E se não quero saber de futebol porque tenho que pagar os 10 estádios que se construiram e que agora apodrecem em boa parte? E os que não gostam de música, porque é que têm que pagar o CCB e a Casa da Música?

         Os governos têm que governar para todos os portugueses e têm que tentar ser justos e cuidadosos na repartição de benefícios e de custos. Não se pode cair na tentação do populismo e demagogia fáceis. É verdade que se exagerou na construção de auto-estradas, algumas bem dispensáveis. Mas agora não se podem deitar fora. E as portagens que foram introduzidas, logo de início se viu que eram caríssimas. O resultado está à vista: as auto-estradas estão vazias e as antigas estradas nacionais, ao lado, voltaram aos seus tempos áureos.
       Devem portanto os governantes, quando tomam decisões e definem opções de investimento, ter em conta a coesão social e territorial, o desenvolvimento equitativo do país e não ceder à tentação de privilegiar Lisboa que elege 47 deputados, ou Porto com 39, em detrimento da Guarda ou Castelo Branco, que elegem 4 cada. E este é que é o verdadeiro motivo porque se fazem obras faraónicas numas zonas enquanto se fecha tudo o que ainda funciona, noutras. São os custos da democracia, meus caros!

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