sábado, 29 de março de 2014

A INDEXAÇÃO DAS REFORMAS À DEMOGRAFIA

  Está pela enésima vez desde que este governo tomou posse, em discussão, novos cortes em pensões e vencimentos na função pública, o que eu chamei em tempos "o banco de Gaspar". Um desastrado secretário de Estado, chamou os jornalistas para lhes comunicar o que ainda não era para se saber. Bem podem Passos e Portas vir irritadamente dizer o que quer que seja, que já todos sabemos o que aí vem: mais do mesmo! E o desmentido de um governo que só mente, é sempre uma confirmação do que se diz. Habituou-nos desde o princípio à táctica de, quando pretende dar uma má notícia (quase todas), simula uma fuga de informação, para, por um lado, aferir a reacção da população e por outro, amenizar, por diluição no tempo, essa mesma reacção. Fizeram agora sair para a opinião pública, a intenção de indexar o valor das pensões ao andamento da economia e da demografia. E que culpa tem um reformado de hoje, se os novos fazem ou não fazem filhos? Se a economia, na qual ele já não intervém, caminha bem ou mal? Que tal penalizar fortemente as reformas dos políticos que, através de medidas como a nacionalização dos fundos de pensões da CGD, PT, CTT, banca privada e outros, quebraram irreversivelmente a sustentabilidade da segurança social, para tapar buracos dos orçamentos de Estado que eles próprios criaram também? Ou a dos políticos que, para ganharem eleições, criaram reformas para quem nunca descontou nada, num regime não contributivo (com as quais eu concordo), mas em vez de ir buscar o dinheiro ao orçamento geral do Estado, o foram buscar à segurança social, que vive dos descontos dos outros? E que agora falam de insustentabilidade? Mas pensam que o país só tem idiotas? E se querem relacionar as reformas com a demografia, tomem uma medida que eu defendo há muito e que nunca ouvi falar a ninguém: premeiem quem tem mais de 2 filhos, com uma bonificação na contagem do tempo para a reforma. É extremamente injusto, quem tem 1 filho, ser tratado quer fiscalmente, quer no tempo para a reforma, de igual forma de quem teve 7 ou 10 filhos. Aí sim, era premiar de facto a contribuição do próprio para a demografia. Mas quem tem agora 65 anos, ficar a depender de quem tem 25 ou 30, fazer ou não fazer filhos? Quem agora atingiu a velhice, já deu (ou não) a sua contribuição também em termos de descendência, que garante agora a sustentabilidade do sistema. E é penalizado se os novos não têm filhos, por políticas erradas dos governos? Esta gente (onde é que já ouvi isto?), esta rapaziada governamental cada vez me surpreende mais. Marine Le Pen não faria melhor...

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