Tivemos ontem uma boa notícia na área da economia, uma raridade nos tempos que correm, por isso a relevância ganhou amplitude.
Há dias já, que se preparava o ambiente para a comunicação de que o PIB tinha crescido no 2º trimestre do ano. Havia previsões de 0,3% a 0,6%. Afinal, numa primeira abordagem, o INE apurou que o crescimento foi de 1,1%, um resultado muito bom e surpreendente, sobretudo se considerarmos que o país anda a destruir riqueza desde finais de 2010. Mas este resultado é uma comparação com o trimestre anterior, que tinha sido precisamente o pior desde que começámos a recessão, portanto é preciso cautela na análise, como aliás todos têm demonstrado e pedido. Face ao período homólogo de 2012, por exemplo, a queda foi de 2% ! Não deixa contudo de ser uma boa notícia, pois pode ser o princípio da inversão do sentido. E tão ou mais importante, é que esta subida se deve a um grande incremento das exportações de bens e serviços, pilar fundamental para um crescimento saudável e sustentado de qualquer economia. Recordo que a nossa balança comercial, cronicamente negativa há décadas, já tem saldo positivo, primeiro passo para a sustentabilidade da nossa economia. Foi à custa dum brutal corte nas importações? Sim, também. Mas esse é um princípio básico de qualquer casa bem governada, gastar apenas o que se tem. Desde que não se comprometa a compra de equipamentos necessários e de bens de investimento, a quebra de importações de bens de luxo, por exemplo, é positiva.
Previ aqui neste blogue, há já quase um ano, números muito negativos para o final deste ano de 2013. Recessão de 3%, taxa de desemprego a chegar aos 20% e o endividamento externo a aproximar-se dos 130% do PIB. Tomara eu estar redondamente enganado! Nunca pertenci ao grupo que gosta do "quanto pior, melhor". Até porque sendo português, o mal do meu país, é o meu mal, seja que governo estiver no poder a cada momento. E uma das posições que sempre detestei nos governos, é a de acharem que tudo o que fazem é bem feito e que os números são sempre positivos, ao contrário de todas as oposições que acha precisamente o contrário. Nenhum é capaz de ser imparcial e de ser sincero e objectivo nas análises.
Espero que este seja um momento de inversão de ciclo, mas infelizmente não acredito. Tal como não acredito na queda dos números do desemprego e esse é muito mais fácil de manipular. As economias crescem ou não, dependendo do consumo interno, do investimento e das exportações. O consumo interno está parado há anos, por falta de dinheiro e por medo. Medo de perder o emprego, de perder parte da reforma, de perder parte do rendimento, devido ao permanente estado de terror em que o governo mantém boa parte dos portugueses. Investimento não há, porque o Estado não tem dinheiro e as empresas estão quase todas descapitalizadas e as que não estão, esperam para ver. Do exterior também ninguém investe num país na situação em que Portugal se encontra. E as exportações, estão completamente dependentes do andamento das economias dos nossos parceiros da UE, para onde vão a maioria dos nossos produtos. Mas com a continuação dos enormes cortes, agora mais legitimados, segundo o governo, pelo resultado conhecido, a retirar seja 3 seja 4 mil milhões à economia, como pode ela crescer? Compensados pelas exportações? Teriam que crescer exponencialmente, para tapar esta tão grande fatia! Crescerão tanto os nossos vizinhos, nomeadamente a Espanha, que lhes permita comprarem o que produzimos? Duvido muito! Vamos aguardar para ver. As contas, fá-las-emos quando forem conhecidos os números do final do ano. Espero enganar-me nas previsões que fiz, pois seria bom para Portugal e eu, ao contrário dos hipócritas dos governos e das oposições, ponho sempre o meu país em primeiro lugar! Aguardemos, que o povo é sereno...
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